Descobertas por acaso

Percy Spencer foi um engenheiro que trabalhava na Raytheon Company, um conglomerado de empresas do ramo de armamento e equipamentos eletrônicos, tanto para uso comercial quanto militar. Spencer atuava na pesquisa de sistemas de radares e microondas, e, em determinado experimento, percebeu que um chocolate em seu bolso havia quase derretido.

Ao analisar melhor a situação, resolveu repetir a experiência submetendo grãos de pipoca às microondas, o que fez os grãos estourarem. A partir destas descobertas, Spencer logo desenvolveria o forno microondas.

Oscar Minkowski e Joseph von Mehring, dois médicos alemães, também gostavam de realizar experimentos. Em um deles, removeram o pâncreas de um cão para verificar se o mesmo interferia em sua digestão. O que perceberam foi que a urina expelida pelo animal estava atraindo muitas moscas. Ao examinar melhor, notaram que o cãozinho estava excretando muito açúcar. Concluíram então que o pâncreas possuía alguma substância que seria responsável pela absorção de açúcar pelo organismo. Essa substância, descoberta pelos médicos, é a insulina, e revolucionou o tratamento da diabetes.

Alexander Fleming buscava por substâncias que pudessem eliminar as bactérias de feridas. Não estava evoluindo em sua pesquisa. Tirou então algumas semanas de férias, esquecendo todo o material sobre a mesa. Quando retornou, percebeu que uma das culturas que havido deixado tinha sido contaminada por um fungo. E as bactérias tinham morrido. Estudando o fungo, descobriu que este continha uma substância que combatia as bactérias. E assim ele descobriu a penicilina.

Ao observar a história desses pesquisadores, poderíamos intuir que não houve criatividade ou esforço em suas descobertas, mas que as mesmas seriam decorrentes do acaso ou sorte. O problema é que, se estamos falando de acaso ou sorte, seria de se imaginar que qualquer pessoa, no lugar deles, também chegaria às mesmas conclusões.

Percy Spencer, Alexander Flemming e Louis Pasteur

Loius Pasteur, famoso cientista frandês do século XIX, costumava dizer que “o acaso favorece a mente preparada”. Thomas Edison, no mesmo tom, dizia que “boa sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra o planejamento”.

Estes pesquisadores estavam em busca de respostas. Estudavam, investigavam e experimentavam. E possuíam profundo conhecimento de suas áreas de atuação. Seus experimentos os levaram às suas descobertas. Outras pessoas, em lugar deles, possivelmente deixariam a oportunidade passar.

Isso no leva à conclusão inevitável de que insights ou ideias criativas de grande valor raramente surgirão em ambientes por força do acaso. As mentes preparadas, munidas de uma boa pergunta e uma curiosidade aguçada são as que encontram as melhores respostas.